Blogue de NELSON S. LIMA

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PENSAR A SOBREDOTAÇÃO


Texto de Tomás Goucha (*)
Membro da Academia de Sobredotados desde 1999.

Em Portugal as notícias sempre surgiram como se fossem doenças. Há sempre um ruído de fundo, endémico, que não é suficiente para despertar a consciência duma pobre mosca. Mas, de vez em quando e da forma mais imprevisível possível, aparece um foco epidémico e é raro o meio de comunicação que não aborde o assunto até à exaustão (às vezes atingem-se verdadeiros níveis pandémicos, de fazer inveja a qualquer H5N1 de meia tigela). Depois de morto e enterrado, o assunto volta ao tal nível endémico e poucas são as vezes em que há efeitos secundários a registar.

Há uns anos, a ribalta das páginas de imprensa e dos ecrãs (dói-me escrever isto sem n) televisivos voltou-se para um assunto que ainda agora faz estremecer alguns: a Sobredotação. Mas será que depois de tanta tinta derramada, houve alguma coisa que tenha mudado? E, afinal, o que é mesmo um sobredotado? Vejamos então o que nos responde o Senhor Dicionário da Academia de Ciências de Lisboa. De acordo com essa bíblia, sobredotado é um substantivo masculino (que sexismo!), sendo aplicável àquele que revela capacidades intelectuais ou físicas acima daquilo que é considerado normal.

Não se pode dizer que os senhores linguistas se tenham afastado muito do que anos e anos de sangue, suor e lágrimas de hordas de psicólogos, psiquiatras e afins alcançaram. No entanto, uma magnífica definição condensada deixa, à partida, duas valentes brechas. Primeiro, o que é normal? Nesse ponto é inútil pegar, como convirão. Passemos, portanto, ao seguinte. O que é inteligência?

O Evangelho segundo a psicologia
Os primeiros conceitos de inteligência cingiam-se àquilo a que actualmente designamos por inteligência lógico-matemática, a capacidade de produzir raciocínios abstractos e dedutivos. Segundo os darwinistas mais ferozes, a inteligência era o expoente máximo da evolução. Deste modo, qualquer psicólogo behaviorista terá ficado felicíssimo ao compreender que poderia avaliá-la numericamente de um modo muito simples: construía-se uma bateria de testes das capacidades cognitivas, atribuindo-se uma idade mental ao examinando. O quociente entre esta e a idade cronológica multiplicado por 100 seria então o célebre Q.I.

Howard Gardner (1983), inconformado com uma perspectiva tão redutora, optou antes pela teoria das inteligências múltiplas (vistas hoje em dia como talentos, dado que não faz sentido referirmo-nos a diversas inteligências num indivíduo, como se tratassem de compartimentos estanques. Há, aliás, quem a associe à ultrapassada frenologia de Gall). 

Havia 7 inteligências centrais e independentes, sendo então ilógico o conceito global de inteligência. A inteligência linguística é a sensibilidade para a língua falada e escrita, materna ou estrangeira, para fins comunicativos; a inteligência lógico-matemática é já nossa conhecida, com uma vertente de raciocínio matemático e simbólico; a inteligência espacial prende-se com a percepção e compreensão dos espaços (todas estas três se enquadram minimamente nos conceitos mais "primitivos" de inteligência). Seguem-se as inteligências de cariz emocional (avaliadas pelo tão afamado Q.E. - quociente emocional - que pretendeu suplantar o obsoleto Q.I., falhando na essência de continuar a resumir uma pessoa a um número!): a inteligência intrapessoal, que reside na capacidade de lidar com as suas próprias emoções e sentimentos, e a inteligência interpessoal, associada às aptidões sociais, de colaboração e interacção. Finalmente temos a inteligência musical e a inteligência corporal-cinestésica, responsável pela coordenação dos movimentos, nomeadamente na prática desportiva.

Insatisfeitos com tão poucas inteligências (só 7... sinceramente...), vieram mais 4 a reboque. Encontramos assim: a inteligência naturalista, que conjuga a vertente racional e o senso comum com a envolvência ecológica; a inteligência espiritual; a inteligência moral e a inteligência existencial, a capacidade de um indivíduo se situar no mundo e questionar a sua essência, indissociável, da filosofia clássica.

O Evangelho segundo a Fisiologia
Há que mencionar que muitos credulamente acharam que o tamanho era importante. E, mais uma vez, se iludiram... Um cérebro grande não traz grandes vantagens sobre um seu congénere mais compacto, estando a magia toda na funcionalidade. Quaisquer estudos de correlação entre a massa ou proporção corporal do encéfalo e a inteligência foram tão conclusivos como os relatórios sobre as armas de destruição massiva no Iraque. Surgiram, portanto, alternativas… As células nervosas estabelecem sinapses (contactos de natureza eléctrica ou química, para um leigo) que fazem fluir a informação através de impulsos, sendo a abundância desses contactos sinápticos um sinal de inteligência, bem como uma arquitectura neuronal mais intrincada. Ora, há quem pense que por trás dum grande homem, está sempre uma grande mulher. Os neurónios habitam num meio povoado por outras células, da glia neural, fundamentais para a nutrição e suporte das estruturas nervosas, podendo ser a chave para a origem da inteligência.
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A sobredotação vista pela Psicologia
Mas então o que é um sobredotado? Um behaviorista teria todo o prazer em replicar "um indivíduo cujo Q.I. seja superior a 130", o que seria extremamente prático e acabaria duma assentada com este artigo. Olhando para a teoria das inteligências múltiplas, esta abordagem afigura-se impraticável. A tentação de manter quantificações mantém-se, embora de forma mais razoável: numa escala de 1 a 6, temos as pessoas de inteligência considerada média, que seria previsível para o seu contexto sócio-cultural e etário, no nível 3. No nível 4 encontramos os "muito inteligentes", constituindo os 5% intelectualmente superiores. No nível 5 situam-se os sobredotados, cuja definição global mais aceite é aquele que tem alguma destas capacidades muito desenvolvidas: habilidade intelectual geral, talento académico, habilidades de pensamento criativo e produtivo, liderança, artes visuais e cénicas, bem como psicomotoras, em suma, que se destaque num (ou mais) dos talentos de Gardner. Finalmente, no nível 6, encontram-se indivíduos profundamente sobredotados ou génios. Este nível é altamente controverso uma vez que a genialidade de um indivíduo será dificilmente avaliada através dum teste, mas sim por provas dadas. Citando Immanuel Kant, "esse nome […] não [se dá] àquele que conhece e sabe muito; e não se dá ao artista que imita apenas, mas àquele que é capaz de produzir a sua obra com originalidade". Assim, a memória assume um papel secundário no panorama das aptidões intelectuais. Caso contrário, um processador com uma base de dados extensa acerca de todas as áreas do conhecimento seria imensamente inteligente.

Sai de cena o conhecimento enciclopédico para o mofo das bibliotecas. E entra o protagonista, em estilo, ainda a cheirar aos choques eléctricos das sinapses: os estilos de pensamento. Parte do brilhantismo de um sobredotado prende-se com o facto de ele conseguir pegar num problema e vê-lo duma perspectiva completamente diferente. Como fazer 4 triângulos equiláteros com 6 fósforos iguais? (Não vale partir fósforos, claro!) O pensamento convergente fará com que se passem horas sobre uma superfície plana a tentar conjugar os fósforos, sobrepondo-os, virando-os, tentando chegar a uma solução que o pensamento divergente terá escondida na cartola. (Warning! Do not proceed if you want to keep trying!) Basta pensar em 3 dimensões e surge um tetraedro como solução natural. Por trás das grandes descobertas científicas, das grandes obras-primas, dos grandes revolucionários, teremos um intelecto capaz de pensar fora dos horizontes onde geralmente está confinado. Grandes respostas criativas (até milagrosas) ficaram gravadas na história. "São rosas, Senhor, são rosas!" Mas nem tudo são rosas...

Facilmente a sobredotação pode converter-se num fardo e um sobredotado será sem dúvida um indivíduo que necessita de apoio. Para esse fim, criaram-se instituições como o Instituto da Inteligência, sediado na cidade do Porto e dirigido pelo neuropsicólogo Nelson Silva Lima, doutorado em Investigação Psicológica. O I.I. "é uma instituição privada, com uma orgânica intencionalmente simples e desburocratizada, orientada para o estudo e a promoção das performances mentais de pessoas e grupos". Entre as suas actividades principais, encontram-se "exames de neuropsicologia, orientação académica e vocacional, formação de professores e outros especialistas", investindo também em áreas tão avant-garde como o neuromarketing. Em particular, uma sub-estrutura do I.I., a Academia de Sobredotados, lida directamente com crianças e jovens sobredotados "com provas dadas de altas capacidades e/ou talentos específicos seja através de testes validados cientificamente, seja através da avaliação da carreira profissional, académica ou desportiva." Na experiência pessoal do Dr. Nelson Lima encontramos inúmeros casos de sobredotados ou "portadores de altas capacidades" (designação muito em voga chez nos amis, les français), sendo impossível estereotipá-los.

A minha entrevista ao Prof. Nelson S Lima.

Após tantos anos a lidar com portadores de altas capacidades, que pontos salientaria?
Saliento em particular o facto de muitas crianças sobredotadas "ficarem pelo caminho", desinteressando-se daquilo que antes constituía o seu factor de diferenciação perante os outros. Foram centenas as que conheci com inteligências brilhantes e que lentamente "se apagaram" tornando-se indivíduos vulgares. Por que isso aconteceu? O sistema (a família, a sociedade, a cultura, etc.) rejeitou-os ou ignorou-os, em especial o sistema educativo que, não sendo capaz de criar condições para os mais capazes, vai a pouco e pouco desmotivando-os das suas próprias potencialidades.
 

A nível de encaminhamento de um sobredotado ao longo da sua vida, o que julga ser primordial? Em que medida se torna útil o diagnóstico?
Considero-o determinante para o sucesso de qualquer pessoa e dos sobredotados, em particular, o desenvolvimento de uma personalidade sadia e equilibrada, em que todos os potenciais possam ser aproveitados. Valores como a honestidade (incluindo a honestidade intelectual) e outros, a adopção de modelos de vida conciliáveis com a inteligência criativa, a defesa de uma autonomia pessoal responsável, o espírito empreendedor, a paixão pelo conhecimento, a defesa de ideais solidários com a Humanidade e o carisma pessoal são, entre outros, factores que determinarão um futuro mais aberto e vivido mais intensamente do que a aposta isolada no potencial da inteligência disponível. Costumo dizer que ser muito inteligente não basta para se ter sucesso na vida; é necessário um comportamento inteligente. Os testes, na verdade ajudam a medir o nível de desempenho em várias áreas como a memória, a capacidade de atenção, certas dimensões da inteligência dita teórica, a capacidade criativa e também o estilo de personalidade. São úteis embora contenham limitações. Por isso, quando se estuda um indivíduo (um sobredotado, por exemplo) é necessário também averiguar muitos outros aspectos da sua vida para compreendermos melhor as várias dimensões da sua individualidade.

Como já foi referido, um mau encaminhamento poderá frequentemente conduzir a um isolamento e exclusão social destes indivíduos. Como pensa que esta vertente seria evitável?
Um mau encaminhamento tanto a nível familiar e social como académico pode resultar em prejuízos para o indivíduo dotado de altas capacidades pois nem sempre o que se oferece não é suficiente para despertar nele todo a riqueza intelectual disponível muitas vezes em estado letárgico. Saliento que há, por vezes, indivíduos aparentando uma pseudodebilidade mental quando, na verdade, são exactamente o oposto: pessoas excepcionalmente desenvolvidas mas que, por diferentes razões, inibiram as suas potencialidades. Recordo um caso dramático de uma jovem que aos 18 anos de idade ainda só tinha dois anos concluídos do primeiro ciclo e que não falava há dez anos; vivia fechada em casa por sua livre iniciativa porque tinha um medo tenebroso de comunicar com as pessoas. Ora bem, até aos 6 anos de idade tinha sido uma menina alegre, extrovertida e sociável. Aconteceu que na escola foi vítima de maus-tratos psicológicos por parte de uma "professora" que fez abortar nela tudo aquilo que o ensino deveria ter proporcionado. Também os sobredotados criativos são dos que mais sofrem inibições e "proibições" na escola por não serem alunos dóceis e passivos. 

O que acha que faz com que se conheçam tão poucos sobredotados em Portugal? O que pensa que deve mudar no nosso país para acolher estes rapazes e raparigas portadores de altas capacidades?
Estima-se que existam entre 35 mil e 50 mil crianças e jovens sobredotados em Portugal. Poucos são detectados porque não existe por parte do sistema escolar um processo que os identifique e os proteja ao contrário do que se passa com os alunos com incapacidades. Há falta de legislação e também de sensibilização por parte dos agentes de ensino.

Para concluir, tratando-se dum assunto tão controverso como a sobredotação, que vertente salientaria: igualdade ou diferença?
Obviamente, diferença!

[A sobredotação, quando diagnosticada, incorre no risco de se transformar num rótulo. A individualidade de cada um é demasiado forte para que possamos subjugar uma pessoa a uma imagem pré-concebida e, na generalidade desajustada. Com o seu aguçadíssimo sentido crítico, a maior parte dos jovens nesta condição têm dificuldades em enfrentar aquilo que, à partida, seria como uma "dádiva divina". Ser sobredotado é mais do que ser um Pentium IV numa loja cheia de 486.

Um sobredotado rapidamente se aperceberá que há um claro desfasamento entre si e o seu grupo de pares. Verá que, por muito que queira, determinadas conversas não podem ser mantidas com aqueles que supostamente lhe deveriam ser mais próximos. A opção tomada mais frequentemente é o isolamento. Vivem num mundo seu, tão rico e com uma trama tão complexa que poderiam permanecer por lá indefinidamente. Muitos procuram integrar-se socialmente e alguns logram-no. Outros acabam por virar costas a uma sociedade injusta e hostil. A revista i decidiu dar a conhecer as duas faces da mesma moeda.

João Ferreira, segundo a sua mãe, "aos 3 anos sabia o Sistema Solar, aos 8 falava de Buracos Negros no jornalinho [pequenas publicações em que manifestava a sua precocidade e sentido criativo], hoje quer ser Astrofísico". Para esta "mãe fascinada", nas palavras do Dr. Nelson Lima, a ajuda do Instituto foi determinante e o equilíbrio emocional do João acabou por se sobrepor a quaisquer preocupações com a componente cognitiva. A comunicação constante com ele é indispensável e não deve deixar de ser "muito exigente na educação e respeito pelos outros", uma vez que a humildade é essencial para a sua aceitação.]

À partida, como defines sobredotação e como te vês no lugar de sobredotado?
Do meu ponto de vista a sobredotação é um maior rendimento do esforço para aprender numa ou mais actividades, como a adaptação a novas situações ou como um grau de consciência superior dos problemas e do mundo ou de si próprio e dos outros.
Até ser identificado pelo Dr. Nelson Lima, não tinha consciência de que era sobredotado. Actualmente, é algo que eu constato ter uma pequena repercussão a nível prático, a nível da consciência do que faço ou do que penso.

Fala um pouco do teu percurso de vida e, em particular, do percurso escolar, nomeadamente na relação com os outros.
No infantário era um líder, dava-me bem com toda a gente; na escola primária integrava-me nos grupos; no 3º ciclo tomei consciência de necessidade de ter amigos e no secundário perdi-os progressivamente até agora, permanecendo alguns estáveis até agora.
Só no 7º ano tive problemas porque os amigos que vinham desde a primária se afastaram ao saberem que eu era sobredotado através da televisão. Por isso, no 8º ano, mudei para outra escola, onde comecei a dar-me com muitos outros tipos diferentes de pessoas e estilos de vida, pelo que admiti a extensão do leque de pessoas com quem andava, o que foi muito benéfico. Quanto aos conhecimentos extra-escola, dou-me especialmente bem com os membros do clube de astronomia (todos eles adultos e com muita cultura geral, não só na área da astronomia), o que tem sido especialmente libertador. 

Olhando para trás, o que é que gostarias de ver mudado no teu caminho, tanto por ti como pelos que te rodearam? 
Primeiramente, gostava de ter nascido noutro país, de ter tido um ensino escolar que me motivasse para além do programa, especialmente a oportunidade de avançar ao ritmo desejado. Concluindo, acho que a escola não só devia transmitir conhecimentos, como também ensinar a pensar, mas não só de uma maneira a seguir por todos. No trato com os sobredotados, há que impor desafios, mas tratá-los normalmente. É claro que tal depende da personalidade... 

Por outro lado, A. Jorge Oliveira seguiu por uma via menos ortodoxa. Num país em que um canudo é visto como imprescindível para que nos consideremos alguém, o Jorge decidiu enveredar pela escrita, deixando de lado a Faculdade de Letras e a sua magnífica propina. O seu percurso é testemunha de como a sobredotação estará longe de ser uma atenuante para os problemas da vida de qualquer jovem. Por vezes as margens entre a sobredotação e a loucura esbatem-se… e, como prova disso, temos o estereótipo do génio maluco.

À partida, como defines sobredotação e como te vês no lugar de sobredotado? Segundo o meu ponto de vista, defino a sobredotação como algo perfeitamente natural, que as pessoas teimam em ver como anómalo. É quase uma regra geral, a maioria das pessoas quando se depara com algo que não compreende, ou estereotipa ou define como “bizarro”. Acho a sobredotação uma característica com várias ramificações, como tal posso interpretar apenas aquilo que considero a minha experiência da mesma. Interpreto sobredotação como

Olhando para trás, o que é que gostarias de ver mudado no teu caminho, tanto por ti como pelos que te rodearam?
Olhando para trás? Bom, ao pensar mudar o que ficou para trás estaria a interferir com a formação da minha personalidade, provavelmente tornar-me-ia numa pessoa completamente distinta da que sou hoje. Isso não me agrada. Tem sido um duro caminho onde, a partir de certa altura, pude apenas contar comigo mesmo. Mas existem objectivos interessantes a seguir no futuro. Um deles seria, por exemplo, um maior apoio do estado a associações que primam pelo apoio a crianças e jovens diferentes. Falo em maiores condições monetárias a essas instituições, de maneira a que as mensalidades diminuíssem ou até mesmo fossem extintas. Tudo tem um preço, mas nem todos os sobredotados são filhos do presidente da câmara ou herdeiros de uma vinicultura. Perguntares-me se considero útil ser sobredotado é o mesmo que perguntares se preciso de um automóvel, não é imprescindível mas é uma grande ajuda. Nasci com a estrutura básica para me movimentar, as pernas. Porém com o automóvel chego um pouco antes dos pedestres ao destino que escolher, na estrada que escolher. Também requer manutenção regular, combustível para circular e acima de tudo muita responsabilidade. Troca a manutenção por acompanhamento, o combustível por motivação, mantém a responsabilidade e aí tens aquilo que do meu ponto de vista é imperativo para o sucesso pessoal e escolar de um sobredotado. Nem igualdade nem diferença devem predominar. O principal valor a seguir deve ser o do respeito e a aniquilação de toda e qualquer ideia preconcebida.

Foram entrevistados 4 professores do Ensino Secundário a respeito deste assunto: Profa. Augusta Damásio, Profa. Emília Santos, Profa. Henriqueta Carolo e Profa. Isilda Jorge. Quanto à preparação da classe docente para lidar com sobredotados, a resposta foi um unânime “Não”, sendo necessária uma maior orientação do sistema de ensino para estes alunos mais exigentes. Quanto ao facto do ensino destes dever ser feito num contexto diferente do ensino oficial corrente, as opiniões divergiram.

O conceito de sobredotado mantém-se vago e difuso, muitas vezes tendo como base mitos criados pela indústria cinematográfica ou pela ignorância popular.

No geral, aqueles que contactaram directamente com um e souberam ultrapassar as eventuais barreiras que se imponham tanto dum lado como doutro salientam um enriquecimento mútuo, quer se trate de pais, colegas, ou professores.

Susana Fátima, que trabalha no Instituto da Inteligência e acompanhou inúmeras crianças e jovens sobredotados, destaca da sua experiência: “Existem laços que duram há muitos anos e já fazem parte da minha vida. Houve casos em que "passei" por ignorante em matérias muito específicas. A lembrança de todos estes anos fazem-me sorrir, pois são tantas as histórias e lembranças que trago comigo que davam um livro.”

Paulo M. Jorge, também pai de um sobredotado, salienta que, a nível da educação em Portugal, “há que criar uma nova mentalidade aberta ao desafio, à inovação e com capacidade de resposta para estes jovens, integrando-os e dando-lhes tarefas diferenciadas em função das suas competências e apetências”. 

Em jeito de conclusão lança a questão angustiada: “Quantos jovens não foram atirados para a indiferença por não ter havido capacidade da parte do ensino oficial e seus actores em os estimular e saber captar? Só porque tiveram a pouca felicidade de não terem ninguém em casa capaz de os entender em tempo útil? Afinal, o sol quando nasce não me parece que seja para todos.”
(*)  Tomás Goucha é um jovem a quem o Instituto da Inteligência detectou um elevado nível de sobredotação em 1999 e com quem convivemos durante anos. Entre as suas realizações destaca-se a participação, com excelentes resultados, nas olimpíadas mundiais de Matemática.

Sobre o futuro das crianças superdotadas!

Sobredotados avaliados aos longo de 50 anos!

Quem desconhece a problemática da sobredotação pensa muitas vezes que se trata de uma matéria sobre a qual os psicólogos falam de ânimo leve e apenas com base em intuições. Uma vez por outra, lendo os comentários dos leitores dos jornais on-line, deparámo-nos com críticas e insinuações que põe em causa o trabalho sério e rigoroso dos especialistas de todo o mundo que, desde há muitos anos, se debruçam sobre a sobredotação intelectual e o talento humano.

A matéria tão pouco é recente ainda que, por vezes, a comunicação social a apresente ao grande público como sendo uma novidade "científica". Daí os equívocos, as omissões e as dúvidas.

Ora os estudos mais clássicos da sobredotação intelectual têm quase 100 anos! Os primeiros remontam aos anos 20 do século passado e devem-se a L.Terman. Foi este investigador quem realizou os primeiros estudos sobre a sobredotação ao longo da vida (longitudinais).

Eis , a título de curiosidade, um resumo do que se passou. A pesquisa inicial (1925) envolveu cerca de 1500 crianças da Califórnia de ambos os sexos que haviam obtido pontuações superiores a 140 na escala psicométrica de Stanford-Binet. Ao longo dos anos seguintes o grupo foi observado por quatro vezes.

A primeira reavaliação ocorreu cinco anos depois (1930). Observou-se então uma ligeira diminuição nos valores do Q.I. mas 80% dos alunos tinham avançado nos seus estudos escolares. 

Completados vinte cinco anos desde a primeira avaliação foram recolhidos novos dados. Os resultados foram tornados públicos em 1947. Na generalidade, os sujeitos observados tinham tido êxito no percurso académico.

A terceira avaliação fez-se aos 35 anos após a formação do grupo. Estava-se já em 1960. Verificou-se então que 85% dos sujeitos haviam frequentado o ensino superior e destes 70% tinham concluído a sua formação. Comparado com o grupo de controlo inicial, os sobredotados tinham conseguido resultados académicos superiores. Do conjunto de todas as pessoas envolvidas no grupo inicial elas haviam publicado até ao momento mais de 2 mil artigos científicos e técnicos e escrito cerca de 60 livros de ciências e artes e cerca de 30 romances. Do grupo destacaram-se alguns inventores que, no conjunto, fizeram o registo de cerca de 230 patentes.

Em 1968, foram publicados os resultados da quarta e última avaliação do grupo. Mantinham-se em concordância com as conclusões anteriores. Feito um novo teste de Q.I. a um grupo de 115 elementos seleccionados em 1925 a pontuação média foi de 140. Em relação ao nível de sucesso obtido ao longo da vida houve uma concordância geral: a grande maioria dos sujeitos observados conseguira lograr êxito nas diferentes actividades em que se envolveram na vida adulta confirmando as previsões iniciais.

Nelson S Lima 

O CÉREBRO DOS SUPERDOTADOS


O cérebro de crianças superdotadas amadurece mais tarde?

Recentemente uma equipa de neurologistas liderada por Philip Shaw, do Instituto Nacional de Saúde Mental, em Bethesda (em Maryland, Estados Unidos), concluíram que a inteligência pode estar mais relacionada com o desenvolvimento do cérebro na adolescência do que propriamente ao seu tamanho.

Numa experiência conduzida por Shaw compararam exames de ressonância magnética por imagens para demonstrar que o cérebro das crianças com QI elevado tem um padrão de desenvolvimento diferenciado. Foram acompanhadas 307 crianças e jovens entre 5 e 19 anos.

No início da investigação eles foram divididos em três grupos, segundo o desempenho que alcançaram no teste de QI: jovens com QI elevado (ou sobredotados), jovens com QI mediano e, por fim, os menos dotados.

Para acompanhar a evolução do estudo, a cada dois anos foi realizada uma nova ressonância magnética. Resultados: nas crianças com QI elevado, o córtex cerebral, a princípio, se mostrou mais fino e, depois, engrossou rapidamente. 

Seu auge ocorreu entre os 11 e 12 anos, antes que voltasse a se contrair de forma repentina na adolescência. Esse padrão de desenvolvimento não condiz com o que em geral acontece. Em média, o córtex cerebral atinge sua espessura máxima quando a criança chega aos 8 anos. O córtex, a camada mais externa do cérebro, é o centro de várias funções nervosas elaboradas como os movimentos voluntários.

Segundo os investigadores, as mudanças são subtis e ainda reservam alguns mistérios, pois nada explica o que leva uma criança a ter um córtex mais grosso ou mais fino. A experiência é mais uma a confirmar que, tratando-se de cérebro, tamanho não é o mais importante. Um órgão maior não significa necessariamente mais inteligência. O que importa mesmo é a sua organização interna e como ocorrem as conexões entre as áreas cerebrais.

Estas conclusões merecem ainda mais investigações.

Reflexão

JOVENS SOBREDOTADOS

A sobredotação nem sempre é entendida como uma necessidade especial mas na realidade, é nas escolas que as crianças sobredotadas encontram as maiores dificuldades de adaptação.


O Tiago Campos tem 10 anos e é uma criança muito activa com uma curiosidade quase insaciável. O seu quarto está forrado a livros porque é um leitor compulsivo. Desde que entrou para a escola primária que se interessa por quase todos os temas mas geografia e historia são as disciplinas de eleição. No futuro quer ser astronauta. O seu nível de inteligência cedo despertou os pais para a possibilidade de estarem perante uma criança diferente. Depois de alguns testes para medir o quociente de inteligência, concluíram que o Tiago é um menino sobredotado.

A sobredotação é um fenómeno raro e de difícil explicação. Normalmente considera-se sobredotada uma criança cujo quociente de inteligência seja superior a 130. No entanto este valor não é a prova evidente de uma capacidade acima da média. O Instituto da Inteligência no Porto avalia crianças potencialmente sobredotadas através de testes de aptidão cognitiva, sonora e criativa. Este trabalho permite ir além do valor descrito no Qi. Nelson Lima é neuropsicólogo e refere que hoje em dia o termo "sobredotado" também se aplica a crianças com grandes capacidades criativas ou com talento para uma actividade desportiva.

A nível cerebral a sobredotação continua a ser um grande mistério. Aparentemente a estrutura neurológica destas crianças não apresenta diferenças em relação à dos indivíduos com uma inteligência mediana. As técnicas de imagiologia são pouco esclarecedoras e não evidenciam nenhuma área específica do cérebro que possa ser responsável pela sobredotação. O João Pedro tem quinze anos e já é um astrónomo amador. Na escola interessa-se por todas as ciências e tem boas notas a quase tudo, menos em educação física. Aprendeu a ler e a escrever sozinho quando tinha ainda quatro anos de idade. Ao contrário de Tiago, João é uma criança muito reservada. É o membro mais novo de um clube de astronomia onde faz aquilo de que realmente gosta: olhar e fotografar o céu. O resto do tempo passa-o em casa no meio das centenas de livros que costuma comprar.

Nem sempre é fácil para uma criança sobredotada lidar com o mundo. Em muitos casos aquilo que os rodeia não faz parte da realidade que lhes interessa, por isso têm tendência para o isolamento. A comunicação é uma área que fica muitas vezes desvalorizada quando as crianças ocupam demasiado o cérebro com outras actividades cognitivas. As consequências são as dificuldades de integração e relacionamento.

Para o neurologista pediátrico Pedro Cabral, é importante que estas crianças exercitem as suas capacidades mas com alguns limites para não prejudicar por exemplo a comunicação e os aspectos sociais.


Estima-se que em Portugal existam cerca de 30 mil a 50 mil sobredotados. A maior parte tem acompanhamento psicológico e já aprendeu a lidar com a diferença. Mesmo assim é no meio escolar que estas crianças sobredotadas ainda encontram as principais dificuldades de integração.

Sobredotados pobres podem fracassar na escola


"Ao contrário do que a maioria das pessoas imagina, quando se fala em crianças sobredotadas, não são aqueles geniozinhos típicos de filmes norte-americanos da sessão da tarde, que tiram notas fantásticas e constroem computadores para as feiras de ciências. A realidade, porém, pode ser bem diferente: os sobredotados são pessoas comuns, que também tiram notas baixas e muitas vezes nem conhecem o seu potencial".
Jane Chagas (psicóloga) e Denise Fleith (professora)

Um documento divulgado pelo Instituto da Psicologia da Universidade de Brasília (Brasil) revela que crianças talentosas de classes sociais baixas têm mau aproveitamento escolar e que a formação dessas crianças depende da conduta familiar.
Uma pesquisa realizada por aquela universidade com pré-adolescentes e adolescentes de baixa renda revela que o rendimento escolar de sobredotados é similar ao dos outros alunos. O trabalho mostrou, inclusive, que esse desempenho pode ser mau, pois 42% dos sobredotados que participaram dos estudos já reprovaram ou estão defasados em relação ao ano letivo. No caso dos outros alunos, esse número chega a 50%.

A psicóloga Jane Farias Chagas atribui esse dado a factores como dificuldades socioeconómicas, tédio do estudante, má organização do currículo escolar e preparação dos professores. "O superdotado de baixa renda encontra dificuldades muito maiores e têm realidades diferentes daquelas vividas pelos mais abastados, o que reflete directamente no seu rendimento escolar", afirma Jane. Muitos têm de trabalhar e estudar, dependem de vários transportes diariamente e não encontram na escola pública um ambiente rico em recursos sócio-culturais que respondam às suas expectativas.

"Eles acabam não tendo condições de explorar seu potencial e ficam frustrados", reforça a pesquisadora.

Precisamente por causa do desempenho acadêmico insatisfatório, muitos sobredotados passam despercebidos. "É necessário um olhar mais apurado para perceber o potencial dessas crianças e dar um acompanhamento correcto", explica Jane. Dos 67 alunos matriculados na turma especial para sobredotados em que Jane foi professora, apenas 14 eram menos favorecidos. "Mais retraídos e com baixa auto-estima, esses talentos podem ser perdidos se pais e professores despreparados não entenderem que notas baixas não significam falta de capacidade", alerta a psicóloga. Já existe um programa daquele instituto voltado para dar orientações a pais de crianças sobredotadas.

Saber como funciona a estrutura familiar é indispensável para entender como uma criança desenvolve sua sobredotação. "É necessário que o talento da criança seja estimulado para que este potencial possa emergir", afirma a psicóloga Denise Fleith. O que determina um sobredotado é ter habilidades acima da média em uma ou várias áreas, acadêmicas ou artísticas, ser criativo e extremamente motivado. Assim, a inteligência cartesiana não basta: é necessário um apoio externo. "QI alto não significa sobredotação", reforça Denise. Segundo ela, Pelé é um sobredotado na sua área, mesmo que na infância tenha tirado notas péssimas em matemática.

Aquele instituto tem oferecido treino e apoio técnico a professores e psicólogos da Secretaria de Educação do Distrito Federal de Brasília, os quais têm classes especiais voltadas para os alunos talentosos.

"Mas notamos que a família também era carente de informações", explica Denise. Segundo ela, oferecer apoio global à formação do sobredotado depende de uma orientação escolar correta, mas também de um ambiente familiar fértil.

Nesses encontros, os pais conversam com os psicólogos em grupo e individualmente, esclarecem dúvidas, apresentam seus medos, problemas e sucessos na criação dos filhos. Para Denise, a possibilidade de conhecerem as realidades de outros pais é essencial para ajudá-los a entender e conviver com os filhos especiais. "O contacto entre eles é importantíssimo para trocas estratégias bem sucedidas e para aprender a contornar dificuldades que outros já enfrentaram", argumentou.

MENTES BRILHANTES


ESCLARECENDO DÚVIDAS...

1- Existem vários tipos de sobredotados (cognitivo, criativo, ao nível da destreza física, etc), mas é possível uma criança deter capacidades extraordinárias tanto no campo cognitivo, como no criativo como no da destreza física?

- Sim, é possível, embora sejam casos mais raros. Geralmente, as altas capacidades são globais mas os sobredotados atingem o seu melhor em áreas específicas. É o caso daquelas que têm talento para a escrita criativa e que podem tornar-se excelentes jornalistas e escritores ao mesmo tempo que apresentam uma elevada inteligência, digamos, global.


2- Um sobredotado (fundamentalmente o criativo) detém uma sensibilidade fora do vulgar que lhe pode colocar problemas futuros profundos no concernente ao relacionamento social, conduzindo a situações patológicas, como a da fobia social?


- Certos sobredotados, com interesses muito centrados numa área, tendem a isolar--se no seu mundo porque não têm companheiros que partilhem a mesma paixão. Gostam de conversar temas "sérios" que frequentemente são desdenhados pelos colegas que não são atraídos pela profundidade dos seus pensamentos. Acontece ainda que a personalidade tem um papel importante nesta matéria: as crianças extrovertidas, mais sociáveis e abertas nas relações interpessoais, são menos susceptíveis de sofrerem de rejeição e isolamento.


3- Quais as consequências futuras da superprotecção paternal no caso dos sobredotados?

- Como em qualquer outra criança, a superprotecção pode gerar o aparecimento de esquemas cognitivos desadaptativos, isto é, ideias fixas de grandeza e sobrevalorização das suas capacidades, o que dará origem a problemas relacionais com os outros.

4-Quais as consequências futuras no desenvolvimento psicológico de uma criança sobredotada que não seja alvo de apoio algum por parte do ambiente escolar e/ou familiar, que fique entregue a si própria, se canalizar as suas capacidades para a contemplação passiva e para rituais de apaziguamento e não, por exemplo, para a leitura?
- As crianças sobredotadas devem ter uma educação que favoreça o desenvolvimento de valores, ideais, normas, princípios e regras que ajudem ao desenvolvimento da sua maturidade intelectual, emocional e social.

5- Se uma criança com essas características for detectada no meio escolar português, que mecanismos de apoio é que existem no nosso sistema de ensino que permitam uma orientação pedagógica adequada? Que mecanismos e orientações pedagógicas inovadoras, na sua opinião, deveriam ser implementados?
- Na legislação portuguesa existem princípios orientadores que estão definidos mas que, devido às dificuldades de meios e de condições existente no sistema educativo, são de difícil implementação. O ideal seria a existência de um sistema educacional que privilegie a inteligência e o pensamento criativo dos alunos criando oportunidade para todos, incluindo os mais dotados.
Nelson S Lima 

POR QUE RAZÃO OS SUPERDOTADOS REQUEREM TAMBÉM ATENÇÃO?


Einstein teve uma infância difícil, não gostava da escola e entrou na lista dos repetentes. Outro gênio, o pintor holandês Van Gogh padeceu de desajustes psicológicos, assim como o matemático francês Pascal, que aos sete anos já fazia cálculos. Os exemplos são extremos, mas servem de alerta aos pais de crianças com talentos ou aproveitamento escolar excepcionais para sua idade e dificuldades de adaptação social. Essa combinação de sinais pode esconder a face de um sobredotado, que requer atenção e eventual acompanhamento terapêutico para que a criança com inteligência acima da média de hoje não se torne um adulto com problemas amanhã.

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) estima que 1% da população escolar brasileira, ou 380 mil crianças, são sobredotadas. Para identificar evidências de sobredotação basta reparar nos talentos precoces. Em geral são dons específicos para a matemática, a música ou os idiomas estrangeiros. A criança aprende rápido a ler, exibe habilidade para determinado instrumento musical, ou expressão verbal mais elaborada do que a normal para sua faixa etária. É o menino que chama a atenção pela capacidade de argumentação, pela memória excepcional, a atenção e a curiosidade incomuns, o raciocínio ágil e a extrema curiosidade.

"O apoio dos pais e dos médicos é decisivo para o aproveitamento do potencial dessas crianças", diz o psicoterapeuta Cláudio Guimarães, 41 anos, que trabalha com superdotados na Unidade de Reabilitação Neuropsicológica, em São Paulo, em entrevista à revista "Isto É". Em sua opinião, a maioria dos superinteligentes tem dificuldade para aliar competência nas disciplinas escolares com boa sociabilidade.

Nos testes de inteligência, os gênios precoces costumam estar anos à frente dos colegas de classe, diz Zélia Ramozzi Chiarottino, 46 anos, do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo. Ela aponta o adolescente Fábio Dias Moreira como exemplo. Aos 14 anos, ele conquistou 11 medalhas de ouro em olimpíadas de matemática, quatro delas em disputas internacionais. Aluno da segunda série do curso médio do Colégio PH, da Tijuca, zona norte do Rio, o filho temporão prefere estudar a ir a festas com colegas e não gosta de esportes. Sob nenhuma hipótese troca os livros de matemática por uma pelada com os colegas, mas ganhou a simpatia da turma, de quem tira todas as dúvidas de matemática.

Ainda de acordo com a notícia da "Isto É", o neuropsicólogo Daniel Fuentes, considera que "o desinteresse para com os sobredotados é tanto que, por ignorância, eles podem ser vistos como um E.T. pelos colegas e professores". Por ser diferente, ele nem sempre participa de grupos, questiona a orientação do colégio e dispensa a companhia dos amigos para estudar. "O resultado", admite Fuentes, "é a angústia e o isolamento". A maior parte dessas crianças necessita de apoio terapêutico para desenvolver com harmonia suas potencialidades. Em geral, as habilidades surgem nos primeiros anos de vida. Quem explica é Marsyl Mettrau, doutora em psicologia da educação da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, que há 27 anos se dedica ao ensino de crianças com inteligência especial.

O excepcional desempenho escolar, o vocabulário rico e as conversas de "adulto" levaram Pedro Henrique de Souza Rendt, oito anos, a uma classe reservada a sobredotados. No segundo ciclo, ele quer ser veterinário quando crescer e adora música clássica. "Prefiro as sinfonias de Beethoven a jogar com os amigos", confessa o garoto. A professora Marsyl exibe com orgulho a evolução de Bruna Reis, sete anos, uma pretendente a actriz. "Ela era introvertida e se tornou mais aberta e comunicativa, sem perder o interesse pelos estudos", destaca.

Se há consenso entre especialistas sobre a maneira de tratar os superdotados, há divergências em relação aos testes de inteligência. Um polêmico estudo publicado no final da década de 80 pelo cientista político James Flynn, da Nova Zelândia, revelou que o quociente de inteligência (QI) medido nos testes de avaliação aumentou 25 pontos em uma geração. A dúvida é se os jovens de hoje seriam mais inteligentes que seus pais ou se os métodos de avaliação da inteligência precisam ser repensados. Outra polémica foi lançada pelo americano Howard Gardner, para quem não existe inteligência absoluta. Gardner mapeou várias formas de inteligência, entre elas a musical, a espacial, a interpessoal, a lógico-matemática, a linguística e a desportiva.

Com QI de 172 pontos, o roqueiro Roger Rocha Moreira era o primeiro da classe no Colégio Pasteur, em São Paulo. Fundador da banda Ultraje a Rigor, com um milhão de CDs vendidos, Roger é um dos associados da Mensa, a filial brasileira da organização com sede em Londres que congrega cérebros notáveis, entre eles o escritor Isaac Asimov. Para Roger, que compõe as músicas de um CD que pretende lançar em julho, o objetivo da Mensa é mostrar que ter inteligência acima da média não é como ser sorteado na loteria. "O sobredotado não é valorizado aqui. Tom Jobim tinha razão quando dizia que no Brasil o sucesso é proibido porque gera hostilidade."

Sobredotados ou Génios?


Todos os autores modernos envolvidos no estudo da sobredotação não consideram apropriado atribuir-se a palavra génio a crianças, por muito excepcionais que sejam.

A classificação de génio deve apenas ser aplicada a indivíduos cuja obra ou actividade tenha contribuído de forma original e valiosa para o avanço de uma área específica do progresso humano. Por isso mesmo, são considerados génios nomes como Voltaire, Goethe, Freud, Stravinsky, Ghandy e Picasso, entre outros. Infelizmente, a comunicação social insiste, por vezes, em chamar de génios às crianças sobredotadas.

Santo Agostinho relacionara a palavra génio ao talento inventivo nas suas manifestações superiores. O filósofo idealista alemão Kant (1724-1804) escreveu que a palavra génio - que deriva de genius - "significa o próprio espírito do homem, o que lhe foi dado ao nascer, que o protege e o dirige, de cujas sugestões provêm as ideias originais". Mas a palavra ficava reservada aos grandes artistas. Assim, escreveu Kant, "o talento do descobridor chama-se génio. Mas esse nome só se dá ao artista, àquele que sabe fazer alguma coisa, não àquele que conhece e sabe muito; e não de se dá ao artista que imita apenas mas àquele que é capaz de produzir a sua obra com originalidade". Mais abrangente foi Hegel (1770-1831) que entendia que a palavra génio deveria ser empregue "não apenas para designar os artistas mas também os grandes líderes e os heróis da Ciência".

Todavia, durante muito tempo, a genialidade foi considerada uma dádiva do destino. O filósofo idealista Johann G. Fichte (1762-1814) disse mesmo que o génio "era um favor especial da Natureza".

A psicologia popular, embore associe a palavra à inteligência superior, não esconde os seus receios: o génio andará próximo da loucura, do exótico, do extravagante, da anormalidade. O génio tem ideias bizarras, "pensa demais", pertence a outro mundo. Não obstante, os jornais desportivos e muitos adeptos do futebol consideram Cristiano Ronaldo um génio. É um talentoso excepcional para o futebol mas a palavra génio não será excessiva neste caso?

Há quem defenda, porém, e em definitivo, que o génio é aquele que descobre, inventa ou produz algo de novo e de grande significado e impacto para a Humanidade podendo então dizer-se que Leonardo da Vinci, Mozart ou Edison entram na galeria dos génios. Ou seja, depois de obra feita, considerada genial e de valor indiscutível para o destino do mundo.

CASOS EXCEPCIONAIS DE TALENTO


No dia 24 de Outubro de 2003, foi divulgada pela agência noticiosa Xinhua, a informação de que um estudante tibetano, de 13 anos, era capaz de recitar de memória o maior poema épico do mundo, de 10 milhões de palavras.

O menino, de nome Sitar Doje, disse que memorizou o poema enquanto dormia(!). O poema conta a história do Rei Gesser e está dividido em 200 capítulos. É uma história que foi transmitida oralmente de geração em geração até que foi publicada em tibetano, em 2001. O poema já foi, entretanto, traduzido para o chinês, o inglês, o francês e o japonês e só pode ser totalmente recitado por 140 especialistas.

Histórias como essa sempre aconteceram, quem é que não conhece a história do menino Mozart, de apenas 6 anos, que sob o olhar de espanto da imperatriz Maria Tereza já fazia brotar os acordes inspirados de suas sonatas?

Mas não é apenas no Tibet ou na Áustria que acontecem fenômenos como esses, mas sim, em todo mundo.

A brasileira Cynthia Laus era uma dessas crianças que surpreendem o mundo com o seu excepcional talento. Com apenas 4 anos de idade começou a pintar e aos 8 anos expôs 29 obras numa conceituada galeria de arte de São Paulo.

O mais jovem advogado do Mundo

O brasileiro Ricardo Tadeu Cabral de Soares começou a ler aos 3 anos de idade, escreveu um livro aos 9 e aos 11 desenvolveu um programa de computador complexo. Com 12 anos de idade, foi o primeiro colocado no curso de Direito numa faculdade particular do Rio de Janeiro. Depois de uma batalha judicial o pai de Ricardo, o advogado e arquiteto José Paulo Soares, para conseguir uma autorização que permitisse ao menino freqüentar a universidade à noite e a escola de manhã, teve de convencer o juiz de que o filho era sobredotado.

E, assim, em 1988, Ricardo tornou-se no mais jovem universitário brasileiro. Quatro anos depois, entrou para o Livro Guiness dos Recordes como o mais jovem advogado do mundo. Aos 18, concluiu o mestrado em Direito na renomadíssima universidade norte-americana de Harvard. E tornou-se no mais jovem mestrando em Ciências Jurídicas em 362 anos de história daquela famosa universidade.

Superdotados: nem tudo é facil

ENTREVISTA
Arquivo de imprensa


Sofia Castelbranco -Quais são os problemas com que se depara mais frequentemente?
Nelson S. Lima - Sem dúvida, o insucesso escolar. 

No caso específico das crianças sobredotadas, qual é o acompanhamento aconselhado?
- Ajustamos o acompanhamento ao tipo de sobredotação, à personalidade e a outras especificidades (idade, por exemplo) das crianças, sugerindo pistas para um bom aproveitamento integral das altas capacidades ou dos talentos que revelem.

Quais são os principais problemas que estas crianças enfrentam no dia-a-dia?
- Sobretudo o desfasamento que por vezes existe entre as suas capacidades e aquilo que a escola lhes exige. Há dois grandes grupos: as crianças que estão muito adiantadas relativamente ao ano escolar em que estão inscritas (o que pode causar nelas aborrecimento e desmotivação) e as que não gostam da escola por terem preferência por áreas do conhecimento que não estão contempladas no sistema educativo (é o caso das crianças que gostam de estudar determinadas áreas da Ciência como Paleontologia ou Biologia Marinha).

Como é que se identifica uma criança sobredotada?
- Por um conjunto de características onde se destacam a elevada inteligência, a facilidade de aprendizagem, a enorme curiosidade pelo Saber e uma dedicação intensa e fascinada a uma ou mais áreas do Conhecimento, da Arte ou do Desporto.

Como é o adulto sobredotado (em termos de comportamentos, socialização, etc)?
- Uma pergunta difícil. É que tanto há adultos sobredotados bem integrados na sociedade, na família e no trabalho como há aqueles que não foram (ainda) capazes de encontrar o seu caminho e o seu lugar no mundo. Desiludidos e desesperançados sofrem frequentemente de crises existenciais, depressões e outros problemas emocionais.

Que problemas enfrentam os pais de um sobredotado?
- Podem ser vários, diferindo de caso para caso. Muitos pais têm receio que os filhos se desmotivem da escola ou até de estudar. É talvez o problema que mais frequentemente nos colocam.

O sobredotado na escola: quais os cenários possíveis em termos de comportamentos, formas de interacção e desempenho escolar?
- Há crianças sobredotadas que se dão muito bem na escola. Geralmente elas estão entre os alunos que habitual e facilmente obtêm as notas mais elevadas da turma. Outros há que, desmotivados, estão entre os que enfrentam o insucesso escolar crónico. Destaco os designados "sobredotados criativos" que geralmente têm problemas na escola por serem menos hábeis no pensamento analítico e lógico-matemático do que no pensamento criativo. Detestam a aprendizagem muito estruturada pois são influenciados pela sua imaginação, a espontaneidade criativa e o desejo de independência no percurso académico que lhe é imposto pelo sistema. Tornam-se alunos difíceis para muitos professores.

Conte-nos uma história de uma criança sobredotada.
- Lembro-me de uma história dramática. Envolveu uma criança com 6 anos, nascida na Venezuela, filha de emigrantes portugueses. Quando regressaram a Portugal ela falava apenas espanhol e teve muita dificuldade em integrar-se na escola. A professora complicou mais a situação pois achava desconfortável ter uma aluna que só falava espanhol e era muito conversadora. Antipatizou com a criança desde o início e fez-lhe uma autêntica perseguição, ignorando-a e mandando-a sempre calar dizendo-lhe que ela era horrível quando "abria a boca". Acontece que ao fim de dois anos destes "maus tratos" a menina fechou-se nos seus medos e nunca mais falou. Fracassou na escola. Pude reconstituir a história dela com base em documentação oficial derivada de um processo contra a professora entretanto concluído. Quando conheci a jovem, tinha ela 18 anos. Ainda não falava quando a vi pela primeira vez e só tinha o 2º ano de escolaridade. Nunca foi devidamente tratada nem acompanhada até então. Estragaram-lhe a infância e a adolescência e o futuro dela nunca será o mesmo. E, todavia, era uma criança com altas capacidades...Elas ainda estão lá mas estão inibidas pelo terror imposto por uma professora sem escrúpulos há mais de uma década.

Nelson S Lima 
Fonte: minha entrevista à jornalista Sofia Castelbranco, da revista Magazine Grande Informação

Formação de Professores



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Jovens líderes!

Jovens criam e gerem Escolas de Liderança!


LEADERS TODAY é uma reputada organização mundial envolvida em projectos de liderança para jovens, alcançando cerca de 350 mil participantes anualmente. Ela actua em centros próprios, em escolas e comunidades em diferentes países, dando especial atenção às regiões do chamado Terceiro Mundo. Fundada em 1999 pelos irmãos Craig (então com 17 anos de idade) e Marc Kielburger (da o.n.g. Free The Children), a LEADERS TODAY é a mais importante organização do seu género em todo o mundo actuando no desenvolvimento pessoal de jovens através de actividades de educação para a liderança.

Definições

As diferenças entre sobredotados,
talentosos, prodígios e génios!

Não é preciso socorrermo-nos de métodos científicos sofisticados para percebermos que existe uma percentagem não desprezível de indivíduos que nascem dotados de algumas particularidades que os tornam, efectivamente, diferentes da maioria. No que concerne às crianças dotadas de capacidades excepcionais a questão constitui, porém, um problema científico cuja compreensão está ainda longe de alcançar-se.

Alguma terminologia tem sido usada para estes indivíduos. Podemos aqui recuperar quatro: o sobredotado; o talentoso; o prodígio e o génio. Quais as diferenças que os psicólogos detectam entre estas categorias?


O termo sobredotado aplica-se geralmente à criança que manifesta uma capacidade intelectual acima da média desde bastante cedo na vida quando comparada com outras da mesma idade e da mesma cultura. Frequentemente usa-se o Quociente de Inteligência como medida que estipula uma fronteira entre os sobredotados e os não sobredotados. Um Q.I. de 130 ou superior, demonstrado em testes específicos, determina que a criança é excepcional.


Com a aceitação da teoria das inteligências múltiplas passou a entender-se que há mais factores envolvidos na sobredotação do que apenas um elevado Q.I. A sobredotação pode então exprimir-se em áreas que não são susceptíveis de ser medidas no espaço limitado de um gabinete de psicologia. Por vezes, este entendimento mais alargado conduz a confusões com o conceito de talento.

De facto, talentoso é o indivíduo dotado de uma habilidade especial muito desenvolvida numa actividade socialmente reconhecida (de âmbito técnico, artístico, científico ou profissional). O talento para a escrita, a matemática, o desenho, a dança ou a oratória deve-se a sobredotação? A destrinça entre os dois conceitos deve ser feita para que a criança dotada possa ser devidamente apoiada no desenvolvimento das suas potencialidades. Os talentosos devem ser inseridos em escolas ou programas de ensino em que possam melhorar as suas habilidades. O talentoso excepcional é chamado de criança-prodígio.


Assim, entende-se que o prodígio é aquele que é especialmente muito talentoso para a sua idade numa área. Ele deve ser capaz de revelar talento a um nível similar ao de um adulto, dedicar-se quase obsessivamente à área de seu interesse e produzir bastante trabalho. Os prodígios são crianças excepcionalmente precoces em algum tipo de habilidade. São muito raras.
Finalmente, o génio. Os dons de um génio não se atribuem propriamente a um talento em especial mas a uma combinação afortunada de vários factores intelectuais, motivacionais e ambientais. Pode ainda acrescentar-se que o génio é um fenómeno caracterizado por um nível de rendimento excelente e criador, altamente produtivo na sua área de envolvimento. É sempre um indivíduo com uma elevada inteligência, persistência e criatividade. A classificação está apenas reservada a adultos com provas dadas de genialidade numa ou mais áreas (ciência, literatura, etc.).


Um sobredotado já nasce diferente!
Algumas pessoas acreditam que com condições favoráveis e estimulação adequada qualquer criança pode atingir algum nível de sobredotação, talento ou prodígio. Partem do princípio que um ser humano normal dispõe, ao nascer, de estruturas (biológicas e psicológicas) que o tornam susceptível de ser elevado ao nível de sobredotação através da influência do meio, o que não é verdade. Todas as crianças nascem com mais ou menos potencialidades mas algumas, por razões genéticas, estão melhor preparadas para superarem a maioria das outras mesmo quando a estas se proporcionem as mesmas condições e os mesmos estímulos.

Pode medir-se a inteligência?

Quando os testes de Q.I. assustam
"Quando eu era aluno da escola primária fracassei miseravelmente nos testes de Q.I. a que me submeteram. Os testes angustiavam-me terrivelmente. O simples facto de ver que um psicólogo da escola entrava na sala de aula para fazer um teste originava em mim um ataque de pânico. Para mim, o jogo de testes estava terminado antes de começar. E sempre com o mesmo resultado: a minha derrota. Na prática, fracassas no teste e perdes o jogo se, em consequência do exercício, passas a ser conhecido como "parvo". Não é preciso ser um génio para imaginar o que acontece a seguir.
Ninguém espera demasiado de um imbecil. Não há dúvida de que os meus professores dos primeiros anos da escola primária não esperavam muito de mim. E eu, como muitos dos alunos, desejava fazer-lhes a vontade. De modo que lhes dava o que estavam à espera".
Confissão de Robert J. Sternberg, nascido em 1949, nos Estados Unidos. Viria a tornar-se num dos mais conhecidos e reputados especialistas em Psicologia da Inteligência! Foi presidente da American Psychological Association. É membro dos quadros editoriais de numerosas publicações científicas. Possui um doutoramento da Stanford University e nove títulos de doutor honoris causa.
É autor da conhecida Teoria Triárquica da Inteligência. Apesar de ser um académico, não tem receio de afirmar coisas como "as universidades tradicionais não deveriam treinar os alunos para ser enciclopédias ambulantes".

Inteligência bem sucedida (ou a inteligência triunfante)
Na verdade, os testes de inteligência têm, sem dúvida, uma grande utilidade para descobrir atrasos muito sérios, ou algumas deficiências pontuais, mas são menos úteis para avaliar as capacidades da inteligência da vida real.
Segundo o famoso pedagogo espanhol J. A. Marina, devemos distinguir dois modos diferentes de inteligência: uma, a inteligência estrutural, estrictamente cognitiva e relacionada com o pensamento, a aprendizagem e a elaboração mental e, outra, a inteligência prática.
Assim, J. A. Marina entende que, do ponto de vista educativo, prático, ético e político, parece-lhe mais importante falar de "personalidade inteligente", isto é, das que se comportam inteligentemente.
O exemplo de Robert Sternberg aponta-nos no sentido de uma inteligência bem-sucedida: ela junta a capacidade de racionar, aprender e tomar decisões. É uma personalidade inteligente!

Pense nisto!

Segundo uma pesquisa realizada a 400 adultos proeminentes do século XX mais de metade declarou que, em jovens, foram alunos infelizes ou sem grande sucesso na escola.

Palavras-chave: informação e conhecimento!

O futuro dos nossos filhos!

Prepare-os para a mudança global, complexa, fantástica e radical que transformará indivíduos, sociedades, mercados, consumidores e negócios.
Prepare-os para o Futuro.

Futuro! Eis uma palavra (uma ideia? uma abstração?) que se tornou corrente no mundo actual.

Mais do que em qualquer outra época da história humana, a preocupação com o futuro beira, por vezes, as raias da obsessão! Não sem razão, diga-se. É que a velocidade dos acontecimentos e a globalização a que hoje estamos sujeitos faz com que a preocupação com o que se poderá passar no futuro imediato ou no futuro mais afastado se justifique.

As mudanças no nosso mundo estão a acelerar em tal velocidade que é lícito (é desejável) que dediquemos uma parte dos nossos pensamentos ao que presumivelmente vai afectar a nossa vida, a dos nossos filhos, a da nossa sociedade, a do mundo em geral.

Até há poucos anos, qualquer autor que se dedicasse a "olhar o futuro" era visto com desconfiança. A palavra visionário, que hoje faz parte do léxico da moderna gestão, era quase sinónima de adivinho. Hoje já tem outra conotação. Visionário é aquele que, estudando as grandes tendências de fundo da sociedade nas suas várias vertentes (culturais, tecnológicas, económicas, políticas, etc.), é capaz de antecipar cenários, definir estratégias e tomar decisões que irão ter um impacto importante na sua área de intervenção. Foram sempre os visionários que provocaram grandes mudanças na sociedade humana.

Os visionários olham para o futuro, trabalham com um horizonte de tempo mais amplo do que as pessoas vulgares. Hoje em dia, eles servem-se dos futurólogos para compreender os caminhos do futuro e tomarem decisões.

O futurólogo ou futurista é um especialista que faz, durante anos, estudos sobre a evolução da sociedade humana e elabora exames de prospectiva tentando aperceber-se para onde estamos a ir. 

Tal como a meteorologia, a futurologia moderna recolhe e actualiza a todo o momento o maior número possível de dados que lhe permita construir previsões, mapas de probabilidades e predicções. O futurológo não trabalha como os astrólogos; ele não lê o futuro pois este não está escrito nem nas estrelas nem em lado nenhum. É que o futuro ainda está por acontecer. Então, o futurólogo estuda e capta tendências, especialmente megatendências.

É, frequentemente, um consultor que trabalha para governos, grandes empresas, etc., que, obviamente, querem saber que tipo de mundo muito provavelmente vão encontrar dentro de meses e anos a fim de anteciparem estratégias, desenvolverem novos produtos e serviços, etc.

Alvin Toffler e John Naisbitt, estão entre os mais conhecidos futurólogos lidos em Portugal. Mas um "novo" especialista, já com 30 anos de carreira, de seu nome James Canton, presidente executivo do Institute for Global Futures, um laboratório do futuro com sede na Califórnia, acaba de lançar uma obra fundamental: The Extreme Future, que em Portugal leva o estranho título de Sabe O que Vem Aí?.

Conforme escreveu a prestigiada revista Forbes, trata-se de "um belíssimo trabalho sobre as tendências que moldarão o futuro". James Canton acredita que o nosso futuro será sobretudo influenciado pelas seguintes dez grandes tendências: a globalização; os novos combustíveis; a medicina; as alterações climáticas; as novas descobertas da ciência; o futuro das pessoas; a economia da inovação; a nova força laboral; as questões de segurança e o futuro de alguns países (nomeadamente os Estados Unidos e a China).

O livro de J. Canton, com perto de 400 páginas, é quase uma história não improvável do futuro onde os nossos filhos vão viver e trabalhar. O futuro será deles mas somos nós, os adultos, quem está a orientar as transformações. Em parte. Um livro que recomendo especialmente aos pais de crianças e jovens de elevado potencial e talentosos.

Nelson S Lima 
As 5 ERAS da humanidade correspondentes a 5 grandes etapas de progresso inventivo
 (esta ilustração não pode ser reproduzida sem autorização do autor)

Para mais informações leia o meu blogue www.theextremefuture.blogspot.com